Priscilla : A Rainha do Deserto - The Adventures of Priscilla : The Queen of the Desert (1994)

O icônico filme australiano de 1994, chamou a atenção do mundo inteiro, que foi pego de surpresa ao conhecer 3 drag queens que se aventuravam pelo Outback australiano. O filme foi e é um marco histórico a cultura pop e também a cultura LGBTQIA+ por trazer representatividade, temas ainda não abordados no cinema e muita originalidade.
Priscilla - A Rainha do Deserto, é um projeto de Stephan Elliott e Stuart Quin. Eles tiveram a ideia do filme em 1991, durante a produção de seu primeiro filme Frauds (1993). Stuart apesar de ter participado da ideia original do filme não foi creditado por não ter participado da produção, por outro lado Elliott escreveu, produziu e dirigiu o filme. Dizem também que a ideia para Priscilla pode ter surgido durante uma viagem dos dois ao Brasil nos ano 80; os produtores teriam ficado encantados com a arte drag no carnaval do Rio de Janeiro. 
Depois de alguns anos de tentativas frustradas atrás de patrocínio para o filme, Elliott apresentou sua ideia a PolyGram Filmed Entertainment que financiou o filme com 2,7 milhões de dólares australianos e ele foi distribuído pela Roadshow Entertainment. Elliott, Al Clark, Michael Hamlyn, Rebel Penford-Russel que eram os produtores do filme e outros funcionários, aceitaram receber menos dinheiro como pagamento pelo seu trabalho, por acreditarem no projeto que tinham nas mãos; eles receberiam como benefícios, lucros eventuais pela produção do longa, e eles tiveram.
O filme foi indicado a vários prêmios, incluindo o Oscar. A o longa recebeu indicações por melhor figurino, melhor trilha sonora, melhor maquiagem, melhor filme, melhor direção, roteiros original, fotografia entre outros. Priscilla levou para casa 3 BAFTAs, 1 Oscar e outros prêmios por onde passou. A fotografia do filme, saiu da visão criativa de Brian J. Breheny que apresenta a Austrália de um ponto de vista ainda não muito observado. Guy Gross foi o responsável pela trilha sonora que marcou época e imortalizou algumas músicas do pop como "Finally" da CeCe Peniston e "Save the best for last" de Vanessa Williams. O figurino do filme, feito por Lizzy Gardiner e Tim Chappel também fizeram história, alguns você pode até e não lembrar mas sabe que já viu em algum lugar. 
Priscilla, por ter sido considerado como um filme de nicho, foi apresentado em poucos cinemas, mas mesmo assim o filme foi um sucesso de público e de crítica e ainda faturou mais de 30 milhões ao redor do mundo.
O filme conta a história de Anthony "Tick" Belrose (Mitzi), um artista drag que mora em Sidney e aceita um trabalho de quatro semanas em um cassino chamado Lasseter Hotel Cassino Resort, que fica no meio do deserto australiano, conhecido como Ooutback. Por temer uma viagem sozinha ela chama duas amigas, Bernadette que é uma mulher trans que trabalha como drag e Adam (Felicia) que é um jovem criativo e impetuoso que também trabalha como drag nas noites de Sidney. Adam compra ao invés de alugar um carro ou comprar as passagens, ele compra um ônibus que é batizado de Priscilla - A rainha do deserto. Os três entram no ônibus e viajam pelo deserto conhecendo pessoas, se perdendo e reencontrando o significado de ser quem são.
No elenco do filme temos Hugo Weaving no papel de Mitzi; Terence Stamp como Bernadette e Guy Pearce como Adam/Felicia e Bill Hunter como Bob. 

O QUE EU ACHEI (CRÍTICA)

O filme é uma obra de arte como um todo, ele consegue contar uma história de uma perspectiva única e pouco explorada no cinema, enaltecendo os artistas e a arte drag como um todo, além de saudar toda a beleza e cultura de um país através de sua fotografia.
Ao nos apresentar devagar o mundo drag e as visões de seus personagens, o filme nos cria uma história dentro e outra história, criando um lugar de curiosidade ao espectador que segue atento os acontecimentos do longa. o filme flerta com vários temas polêmicos do meio LGBTQIA+, como igualdade de gêneros, homofobia, pedofilia, e conta os dois lados do etarismo que é o preconceito por idade.
A história do filme como um todo é muito boa, apesar de ter alguns pontos que envelheceram mal. O filme tem algumas piadas machistas e alguns estereótipos sexistas com o lugar de fala das mulher e também passa algumas ideias de xenofobia através de estereótipos que já foram muito usados no cinema e tv. Mas isso até é corrigido de certa forma pelo filme mesmo, só que não de maneira clara nem conclusiva.
O longa também tem grandes viradas que realmente nos surpreende por achar que iremos ouvir mais uma vez a mesma história e do nada vem um "BUM" com uma piada a seguir.
O drama de Bernadette é um dos pontos muito fortes desse filme por levar em conta a identidade de gênero que em 1994 era muito pouco discutida e sem claridade cientifica muito menos pessoal. 
A vergonha e o medo de existir ou simplesmente ser quem é, nos passa uma ideia solta de certo ou errado, o filme nos mostra bem esses dois momentos em duas cenas distintas que mostram clareza no trabalho de pesquisa e compreensão do roteirista e diretor do filme Stephan Elliott.
Eu tive um pouco de medo desse filme ter envelhecido mal com o passar dos anos e a evolução dos debates, mas até que não o filme ainda continua sendo um referencia a cultura drag e as famílias que são formadas pelo puro e velho amor.

NOTA: ★★★★★★★★☆☆ 8 ESTRELAS

VEJA ABAIXO O TRAILER DO FILME:



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